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11/09/2020

Tropas especiais do Exército Brasileiro: Guerreiros de Selva

Para completar com sucesso suas missões, as Forças Armadas brasileiras contam com unidades especiais que operam em situações de alto risco. No caso do Exército Brasileiro, há grupamentos preparados para atuar em diversos espaços e condições climáticas, que requerem conhecimentos específicos.

Nas próximas semanas, a Almox Militar trará a série de matérias “Tropas especiais do Exército Brasileiro”, que contará detalhes sobre a atuação dessas tropas nos seguintes terrenos e atividades:

 

Quer saber mais? Continue lendo esta matéria e fique atento às próximas postagens da Almox Militar!

 

 

 

 

 

Guerreiros de Selva

A expressão “lei da selva” ganha um novo significado quando se trata dos Guerreiros de Selva, unidade especial do Exército Brasileiro. Ou melhor, no caso desses combatentes, podemos falar das Leis da Guerra na Selva:

 

1ª – Tenha iniciativa, pois não receberá ordens para todas as situações. Tenha em vista o objetivo final.

2ª – Procure a surpresa por todos os modos.

3ª – Mantenha seu corpo, armamento e equipamento em boas condições.

4ª – Aprenda a suportar o desconforto e a fadiga sem queixar-se e seja moderado em suas necessidades.

5ª – Pense e aja como caçador, não como caça.

6ª – Combata sempre com inteligência e seja o mais ardiloso.

 

Guerreiro de Selva

Créditos da imagem: Exército Brasileiro.

 

Em Manaus está localizado o Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), também chamado de Centro Coronel Jorge Teixeira. O nome é uma homenagem ao seu primeiro comandante e precursor do CIGS, conhecido como Teixeirão. Trata-se de uma organização militar do Exército Brasileiro, onde os Guerreiros de Selva são treinados.

Ao concluir a formação teórica e prática, os integrantes das brigadas e dos batalhões de selva se tornam habilitados a participar de missões na Floresta Amazônica e em áreas similares.

O CIGS foi criado por meio de decreto presidencial em março de 1964. Surgiu da necessidade de habilitar tropas a defender um terreno tão complexo e almejado quanto o amazônico. Porém, apenas em 1966 foi ministrado o primeiro Curso de Guerra na Selva.

Uma das atribuições dos Guerreiros de Selva é proteger as fronteiras da Amazônia, que se estendem por 11 mil quilômetros e sete países. Vários são os tipos de crime cometidos nessas áreas. Por exemplo, contrabando, tráfico de armas e drogas, extração ilegal de madeira e grilagem de terras.

Além disso, o CIGS também possui um zoológico, onde preservam animais em risco de extinção.

Hoje, os Guerreiros da Selva abrangem 62 localidades em seis estados e em partes do Maranhão e do Tocantins.

 

Guerreiro de Selva

Créditos da imagem: Exército Brasileiro.

Símbolos

Há quatro elementos principais que compõem a mística dos Guerreiros de Selva. O primeiro deles é o distintivo de Organização Militar. As cores utilizadas são o azul e o vermelho, e traz a sigla “CIGS”. Também apresenta o desenho de uma coroa de folhas de castanheira, de uma estrela gironada, que é o símbolo do Centro de Instrução, e da cabeça de uma onça pintada.

 

Distintivo CIGS

Créditos da imagem: Exército Brasileiro.

 

O segundo seria o brevê do Guerreiro de Selva, que se constitui de um escudo português, em cujo centro há a cabeça de uma onça. Acima dela, uma estrela gironada; aos lados, ramos de louro. É todo feito na cor cinza, com suporte de padrão camuflado, para ser afixado no uniforme. Há também um modelo feito em metal dourado sobre fundo aveludado verde, para aqueles que concluem os cursos do CIGS.

 

Brevê do Guerreiro de Selva

 

Em seguida, temos o chapéu bandeirante, de uso exclusivo dos combatentes que servem no CIGS ou em organizações militares na Amazônia. O chapéu tem um formato abaulado, reforçado por material plástico no centro e nas abas, o que protege contra espinhos. Na parte lateral, há uma abertura coberta por tela, que facilita a circulação de ar e pode ser usada como visor improvisado em operações com helicópteros.

 

Guerreiros de Selva

 

Por fim, há o facão dos Guerreiros de Selva. Sua lâmina larga possui as inscrições “Guerra na Selva” e “CIGS”. O pomo da empunhadura do facão, feito de metal dourado ou escuro, tem o formato da cabeça de uma onça.

 

Facão do Guerreiro de Selva

Créditos da imagem: Exército Brasileiro.

 

Treinamento

Para se tornar um Guerreiro de Selva, o CIGS oferece cursos de sete categorias diferentes. A disponibilidade desses cursos depende das necessidades do Comando Militar da Amazônia (CMA) no momento. São eles:

  • Categoria A: ministrado a Oficiais Superiores do CMA.

Duração: seis semanas.

  • Categoria B: ministrado a Capitães e Tenentes do CMA, da Marinha do Brasil, da Força Aérea Brasileira, assim como a Oficiais de nações amigas.

Duração: dez semanas.

  • Categoria C: ministrado a Segundos e Terceiros Sargentos do CMA, da Marinha do Brasil, da Força Aérea Brasileira, assim como a Oficiais de nações amigas.

Duração: dez semanas.

  • Categoria D: ministrado a Subtenentes e Primeiros Sargentos do CMA, da Marinha do Brasil, da Força Aérea Brasileira, assim como a Oficiais de nações amigas.

Duração: seis semanas.

  • Categoria E: ministrado a Oficiais do Serviço de Saúde do CMA, da Marinha do Brasil e da Força Aérea Brasileira.

Duração: seis semanas.

  • Categoria F: ministrado a Subtenentes e Sargentos do Serviço de Saúde do CMA, da Marinha do Brasil e da Força Aérea Brasileira.

Duração: seis semanas.

  • Categoria G: ministrado a Cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras.

Duração: dez semanas.

 

Guerreiros de Selva

 

Além dos cursos oferecidos aos oficiais, também há os dois estágios aplicados no CIGS. São eles:

  • Estágio de Vida na Selva e Operações: destinado a militares do Exército, demais Forças Armadas e Instituições Policiais.
  • Estágio de Vida na Selva: destinado a órgãos civis que necessitam dos conhecimentos sobre a vida na selva para operar (por exemplo, a Petrobras e o Ibama).

 

Nesses cursos e estágios, os alunos aprendem o que podem comer no ambiente da selva – castanhas, vegetais, peixes e mesmo cobras. Indígenas das regiões servem como guias, ensinando-os a caçar e a identificar as plantas que são aplicadas como remédios. Outro conhecimento adquirido é a construção de abrigos com os recursos da floresta.

Além disso, devem saber como se orientar em um ambiente complexo, utilizando apenas o que a natureza oferece. As estrelas e a lua funcionam como ferramentas de localização. O peso que carregam atrapalha na natação. Muitas vezes, é necessário manter o ritmo de deslocamento, sem poder descansar, independentemente da dificuldade do terreno ou das circunstâncias.

 

 

Pesquisa

No CIGS, são realizadas diversas pesquisas sobre material de emprego militar e outros assuntos relacionados. A Divisão de Doutrina e Pesquisa (DDP) é a responsável por essas pesquisas. Os experimentos realizados pela DDP trouxeram muitos resultados positivos, não apenas para os Guerreiros de Selva, como também para outras unidades do Exército Brasileiro.

Um exemplo é a camuflagem padrão utilizada pelo Exército, desenvolvida para a atuação na selva. Outra contribuição da DDP é o aperfeiçoamento das armas empregadas nesse tipo de ambiente.

O DDP influencia também nas próprias estratégias dos Guerreiros de Selva. E nem sempre sua atuação envolve equipar os combatentes com aparatos tecnológicos e de ponta. No caso do GPS, por exemplo, foi exatamente o contrário.

Ao constatar que o sistema de orientação não funcionava corretamente na floresta, o Exército retornou ao uso de mapas e bússolas, restringindo o GPS somente aos casos mais essenciais – como numa evacuação médica. Insistir no uso da tecnologia apenas colocaria os Guerreiros de Selva em risco.

Além da ineficiência do GPS em ambientes de selva, outro desafio dos Guerreiros de Selva é a questão do transporte. Armamento, munição, equipamentos, itens de necessidade básica e inclusive as próprias tropas – tudo isso precisa ser movimentado pelo terreno amazônico, o que pode ser uma dificuldade em diversas situações.

A primeira tentativa de resolver o problema de forma eficiente e barata foi utilizar animais de carga. Muitas foram as tentativas, com várias espécies diferentes, até conseguirem adestrar o búfalo para servir como meio de locomoção.

 

Guerreiro de Selva

Créditos da imagem: Exército Brasileiro.

 

Oração dos Guerreiros da Selva

Senhor!

Tu que ordenaste ao Guerreiro de Selva

Sobrepujai todos os vossos oponentes

Dai-nos hoje da floresta:

A sobriedade para persistir;

A paciência para emboscar;

A perseverança para sobreviver;

A astúcia para dissimular;

A fé para resistir e vencer.

E dai-nos também, Senhor,

A esperança e a certeza do retorno

Mas se defendendo esta brasileira Amazônia

Tivermos que perecer, ó Deus!

Que o façamos com dignidade

E mereçamos a vitória!

Selva!

 

Fontes: 1ª Brigada de Infantaria da SelvaSenadoUOL.

 

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