Como a Inteligência Artificial é utilizada no âmbito militar?
O termo "Inteligência Artificial" – ou IA, como se conhece atualmente – se popularizou na última década, tanto por seu aparecimento em livros e filmes quanto pela disseminação do conceito na internet.
No que se denomina hoje a Era do Conhecimento, a IA tem revolucionado diversas áreas que impactam o cotidiano – indústrias, serviços, produtos tecnológicos, aplicações da medicina, entre muitas outras. Por isso, com o universo militar não poderia ser diferente.
Quer saber mais sobre os usos e as tendências da Inteligência Artificial militar? Continue a leitura e confira.
Por que a Inteligência Artificial militar é tão importante para as Forças Armadas?
As Forças Armadas brasileiras promovem operações dinâmicas, críticas, em que cada segundo conta. Nesses casos, uma única informação pode significar a diferença entre o fracasso e o sucesso.
Nesse sentido, a Inteligência Artificial para uso militar se traduz em tecnologias inovadoras, que potencializem os recursos já disponíveis para as unidades – tanto os recursos humanos quanto os materiais. Assim, impulsionam-se as chances de êxito nas missões e reduzem-se os danos provenientes de sua execução.
Confira agora quatro usos promissores da Inteligência Artificial militar.
4 usos da Inteligência Artificial militar
1. Geoinformação
Conforme mencionamos, é indispensável que os oficiais das Forças Armadas tenham acesso a informações precisas ao realizar suas operações, frequentemente instáveis e ágeis. Em tal cenário, a geoinformação (como o próprio nome indica, a informação espacial e geográfica) oferece um panorama claro e necessário do espaço onde essas operações ocorrem.
Entretanto, não é suficiente que a informação exista e chegue rapidamente. Ela também deve ter uma característica chamada "tempestividade" – ou seja, ser de qualidade, relevante, e estar disponível na hora certa. Com isso, os grupos em missão conseguem reagir com eficiência ao que acontece nos combates e antecipar os movimentos do inimigo.
No âmbito do Exército Brasileiro, por exemplo, a Inteligência Artificial militar se relaciona à geoinformação em duas esferas:
• Sistema de Imagens e Informações Geográficas: o SIMAGEx é estruturado para adquirir, processar, interpretar, analisar e difundir imagens e informações geográficas a partir de sensores satelitais e aerotransportados. Para isso, utiliza técnicas de sensoriamento remoto, geoprocessamento, interpretação e análise de imagens ou de informações geográficas. Dessa forma, produz conhecimento sobre o terreno e os alvos de interesse militar, a fim de suportar a tomada de decisão. As imagens e as informações são obtidas por sistemas de aeronaves remotamente pilotadas, câmeras de alta resolução, radares de vigilância terrestre, entre outros recursos.
• Sistema de Engenharia do Exército: o SEEx consiste em um sistema que não é apenas tecnológico. Ele também se compõe do “conjunto de pessoal, de material e de doutrina e emprego necessários para o apoio às operações, seja em tempo de paz ou de guerra”.
2. Aprendizado de máquina, visão computacional e processamento de linguagem natural
No aprendizado de máquina, temos algoritmos que aprendem com base nos dados com os quais são alimentados. Assim, em vez de depender de uma programação específica para se aprimorar, esses algoritmos fazem isso de forma relativamente independente.
Já a visão computacional se relaciona à capacidade que algoritmos e sistemas têm de interpretar imagens e vídeos. Por meio delas, é dispensada a participação humana em tarefas como reconhecimento de objetos, detecção de padrões e segmentação (classificação, categorização) de imagens.
Por fim, o processamento de linguagem natural atua de forma muito semelhante à visão computacional. Contudo, em vez de compreender imagens e vídeos, ele trabalha com as linguagens escrita e falada.
Só pela descrição é possível perceber a importância dessas ferramentas de IA no mundo militar. Os dispositivos utilizados pelas Forças Armadas, ao serem melhorados com esses algoritmos, conseguem absorver uma multiplicidade de dados, processá-los, transformá-los em informações e empregá-las para os mais diversos propósitos.
Nesse sentido, a capacidade da Inteligência Artificial militar vai muito além da capacidade humana, principalmente se pensarmos na variedade de fontes de dados às quais se tem acesso em uma operação.
Fonte: Olhar Digital.
3. Computação em nuvem
A computação em nuvem tem sido amplamente empregada por todo tipo de instituição, inclusive as governamentais. Isso se deve a duas qualidades essenciais dessa tecnologia: confiabilidade e escalabilidade. Quanto à primeira característica, é necessário que haja uma estrutura confiável para armazenar dados críticos e sensíveis. Sobre a segunda, o sistema de armazenamento deve ser flexível para acomodar o crescimento das operações e, consequentemente, do volume de dados.
Em artigo no blog do Exército Brasileiro, o 2o Sgt Fernando Viana elenca as principais vantagens da computação em nuvem para as Forças Armadas, considerando a salvaguarda de informações sensíveis e de operações vitais e a segurança nacional como um todo:
a. Soberania de dados: de acordo com esse conceito, os dados sensíveis e as informações de segurança nacional permanecem sob a jurisdição do país – ou seja, hospedados em datacenters dentro das fronteiras brasileiras.
b. Cibersegurança avançada: os sistemas de computação em nuvem oferecem medidas avançadas de proteção, como sistemas de detecção e resposta a ameaças, monitoramento contínuo e análise de inteligência cibernética. Assim, conseguem enfrentar ameaças cibernéticas sofisticadas, como ataques de países inimigos, hackers e grupos terroristas.
c. Conformidade com regulamentações: o governo estabelece regulamentações e políticas de segurança específicas para garantir a privacidade, a integridade e a confidencialidade dos dados, e esses requisitos devem ser atendidos pela computação em nuvem.
d. Segurança física: por se tratar de um recurso on-line, a computação em nuvem impede ameaças físicas contra o datacenter, como acesso presencial não autorizado, sabotagem ou roubo de equipamentos.
e. Resiliência e recuperação de desastres: em caso de desastres naturais, o caráter on-line da computação em nuvem possibilita que os serviços continuem sendo utilizados e facilita a rápida recuperação.
Para isso, entretanto, é necessário tomar alguns cuidados. Em primeiro lugar, deve-se estabelecer parcerias estratégicas com empresas renomadas na área de segurança cibernética. Além disso, torna-se indispensável o investimento em tecnologias avançadas de segurança, como criptografia, autenticação multifator, firewalls e sistemas de detecção e prevenção de intrusões.
Os profissionais encarregados de lidar com as ferramentas de Inteligência Artificial militar também precisam ser capacitados e conscientizados quanto ao uso seguro de tais recursos e às ameaças cibernéticas. E, por fim, auditorias e avaliações regulares são essenciais para conferir se há pontos vulneráveis e se os padrões de segurança estão de acordo com as políticas estabelecidas pelas Forças Armadas.
Fonte: Força Terrestre.
4. Treinamento de oficiais
A Inteligência Artificial militar pode ser utilizada em treinamentos de oficiais, principalmente no que se refere a simulações de combate e jogos de guerra. Esses exercícios empregam tecnologias de defesa, softwares modernos e sistemas de comunicação no preparo das tropas. Além de simular situações que seriam impossíveis de reproduzir num treinamento fora do ambiente digital, a IA ainda reduz os custos e amplia o aprendizado dos participantes.
Saiba mais sobre o uso de tecnologia nas simulações:
Normatização do uso da IA no Brasil
Em 2021, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações publicou um documento chamado Estratégia Brasileira de Inteligência Artificial (EBIA). Essa estratégia norteia o uso da IA pelo Estado brasileiro, incluindo todas as suas instituições públicas e esferas, de modo a incentivar o desenvolvimento e lidar com os desafios de tais ferramentas.
Parafraseando a normativa, o objetivo é “potencializar o desenvolvimento e a utilização da tecnologia com vistas a promover o avanço científico e solucionar problemas concretos do País, identificando áreas prioritárias nas quais há maior potencial de obtenção de benefícios”.
Não há, no documento, menção ao emprego da Inteligência Artificial militar. Entretanto, fala-se das potencialidades quanto à segurança pública e à vigilância. Entre os exemplos utilizados, destacam-se as plataformas de cidades inteligentes e cidades seguras, os sistemas de reconhecimento facial e o policiamento inteligente.
Fonte: Época Negócios.
Para atingir todos os objetivos citados acima, entram em cena a Internet das Coisas (IoT), o Big Data e as melhores práticas de cibersegurança, fundamentais para solidificar e assegurar o uso da Inteligência Artificial no âmbito militar.
Conclusão
Com os recentes avanços da tecnologia, e sempre considerando com cautela os riscos associados a essa área, as Forças Armadas não podem deixar de usufruir dos enormes benefícios oferecidos pela Inteligência Artificial militar. Afinal, no cenário atual, ela é indispensável para o desenvolvimento do nosso país e para a segurança das fronteiras e da população.
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